A História em Onze Metros

“Se cair, a Lusa fecha as portas”, disse o então presidente do clube, Manuel da Lupa, em entrevista ao jornal ‘O Estado de S. Paulo’ no dia 30 de setembro de 2006

A Portuguesa vinha de um rebaixamento inédito à Série A2 do Campeonato Paulista e, com uma péssima campanha, cercava a zona da degola da Série B do Campeonato Brasileiro.

O time comandado pelo técnico Vagner Benazzi chegava à última rodada do torneio nacional com uma missão quase impossível: vencer os vice-campeões da competição fora de casa.

Não se tratava apenas de cair à Série C, mas de encerrar as atividades no futebol. Algo inimaginável para um dos clubes mais tradicionais do país, que tinha até então 86 anos de história.

A decisão que valeria a sobrevivência da Lusa foi disputada no dia 25 de novembro daquele fatídico ano de 2006 na Ilha do Retiro, em Recife, tendo o Sport como adversário.

Em uma tarde ensolarada e escaldante, a Portuguesa entrou em campo tensa contra uma equipe que esbanjava tranquilidade. Os minutos passavam e a Lusa tropeçava na própria afobação.

A situação, que já era ruim, ficou ainda pior aos 45 minutos do primeiro tempo. Marco Antônio recebeu um lançamento de Fumagalli e abriu o placar para os donos da casa.

No entanto, não era um dia qualquer para a Portuguesa. Antes do apito final da primeira etapa, ainda nos acréscimos, Preto invadiu a área e bateu cruzado para empatar a partida.

O torcedor luso não sabia se fazia figa para a virada no placar ou para uma combinação quase impossível de resultados dos adversários, já que dentro de campo tudo estava indefinido.

Aos 11 minutos do segundo tempo, uma punhalada que parecia ser fatal. Fumagalli aproveitou uma excelente cobrança de falta e colocou o Sport novamente em vantagem na Ilha do Retiro.

O cronômetro já ultrapassava a marca de 33 minutos e parecia não haver mais esperanças. Eram necessários dois gols e a história lusitana ia escapando pelos dedos.

Foi quando Rogério, que entrou na etapa final, encontrou um gol totalmente inesperado. O empate trouxe ao time e à torcida uma ponta de esperança de que o melhor viria.

Quando os lusitanos já misturavam lágrimas com orações, Alex Alves invadiu a área pela direita e foi derrubado pelo zagueiro Rodrigo. Será que o juiz marcaria pênalti?

Álvaro Quelhas não teve dúvidas e apitou. Demorou para que os torcedores lusos entendessem que aquela era a última oportunidade de sobrevivência do clube no futebol.

O goleiro Thiago, que havia acertado o travessão em um cobrança de falta, pediu para bater. O experiente Alex Alves, porém, chamou a responsabilidade e foi para a bola.

Quando a rede balançou, os corações lusitanos tinham a certeza de que aquele dia jamais sairia da memória. A Portuguesa ia resistindo e sobrevivendo ao pior momento da história.

O jogo foi até os 50 minutos. Com lágrimas nos olhos e a alma nas mãos, os torcedores da Lusa tiveram ali o exemplo vivo e a convicção de que o clube jamais acabaria.

Naquele dia, a Portuguesa foi a campo com Thiago, Wilton Goiano, Leonardo Silva, Santiago, Bruno, Juninho Goiano, Marcos Paulo, Preto, Alexandre, Giancarlo e Alex Alves.

A vitória colocou a Portuguesa na 14ª colocação daquela Série B, com 45 pontos. Paysandu (44), Guarani (44), São Raimundo (43) e Vila Nova (42) acabaram rebaixados para a Série C.

FICHA TÉCNICA


A História em Onze Metros

Produção: Acervo da Bola

Ano: 2016

Direção: Cristiano Fukuyama / Luiz Nascimento

Entrevistados: Alex Alves, Adriana Castro, Anselmo Ribeiro, Andre Luis Botelho e Luís Alberto Nogueira

Duração: 11 minutos