BOCA – RIVER, A HISTÓRIA DO SUPER CLÁSSICO NO FUTEBOL FEMININO

Nesta terça-feira 19 de janeiro de 2021, às 19h10 (horário de Brasília), no mítico estádio José Amalfitani (cancha do Vélez Sarsfield) teremos a grande final do TORNEO TRANSICIÓN 2020.

A partida também conhecida como FINAL SUPER CLÁSSICA, não só reúne as duas maiores potências do futebol argentino, com camisas pesadíssimas, como também os dois maiores campeões com nada menos do que 34 titulos de 41 campeonatos disputados até hoje.

PERSONAGEM HISTÓRICO

A VITRINE falou com exclusividade com a referente do futebol feminino argentino, a meia atacante Yanina Gaitan.

Ela que entre outros feitos, é conhecida por ter marcado o primeiro gol da Argentina em Copas do Mundo da Fifa, isso foi em 2003 diante da Alemanha, no Mundial disputado nos Estados Unidos. Na ocasião, Yanina defendia as cores do Boca Juniors.

O INÍCIO DA CARREIRA

“Iniciei como a maioria das meninas, jogando com meu irmão e seus amigos, estive em alguns times femininos pela e aos 11 anos, tive a primeira experiência vom um time adulto no Gran Yupanqui, com grandes jogadoras da época, como La negra Amalia Flores, la nona Mirta Lopez, Irma Rivas, Viviana Benavidez, Gabriela Yacobelis, Arminda Taiguan. Estamos falando de 1991, o ano do primeiro torneio da AFA. Fiquei no clube por 3 anos e tentei vôos mais altos, já que contava com o apoio do meu pai para seguir na carreira.”

AS RESTRIÇÕES E A IDA PARA O RIVER

“Para continuar minha carreira, tive que ficar quase dois anos parada, já que na época não pude ir para o Boca, que era a minha vontade por problemas com o passe e somente 1994, assinei com River, onde fiquei até o ano 2000. Entre 1994 a 1997 sob o comando de Rúben “Coco” Torres, o River era um time ganhador, campeão invicto e que contava com grandes jogadoras como Karina Morales, com quem fazia dupla de ataque, depois a atacante Liliana Baca, no meio Julia Achaval de 5 que não deixava ninguém passar! E na defesa tínhamos a Noelia Lopez, Cintia Luporini, Andrea Arce, todas grandes jogadoras e um grande plantel.”

A VOLTA PARA O BOCA E A SEQUÊNCIA DA CARREIRA

“Depois no Boca também teve seus anos dourados … gloriosos fomos campeãs e vimos La Bombonera cheia antes de um jogo dos homens começar. Nos anos de 2002, 2003, 2004, geralmente os torneios eram disputados entre o Boca e o River. E cada um apoiou o futebol feminino à sua maneira. Houve fases em que o Boca foi melhor que o River, em termos de material que fornecia as suas jogadoras e também as condições básicas.”

BOCA E RIVER É QUE TEMOS DE MELHOR NO FUTEBOL FEMININO DA ARGENTINA, POR ISSO CHEGARAM A FINAL?

“Chegam à final porque têm a sua base de histórias bem percorridas, caminhos percorridos por jogadoras experientes que ajudam a transmitir crescimento … o crescimento se faz com trabalho, perseverança e vivências … o enriquecimento que a história te dá não é em vão. Tanto o apoio que um grande clube deve ter, como o Boca e o River, são clubes que sempre têm que ir por mais, pela história e pelo caminho percorrido. As bases se constroem, e não importa quanta substituição haja, sempre há alguém para espalhar essa história passada. Os clubes que começaram depois têm que percorrer um caminho e uma base que o Boca e o River já constituíram como grandes clubes que são.”

E QUAL É O FUTURO DO FUTEBOL FEMININO NA ARGENTINA?

“O futebol feminino argentino está crescendo, então acho que está no caminho certo para a profissionalização. Espero que continuem os esforços por parte dos dirigentes da AFA e dospatrocinadores para que tudo o que foi feito até agora, continue a se fortalecer e o objetivo que é realmente ver um esporte profissional de fato. Para isso, as jogadoras têm que ter as condições que precisam e os recursos necessários. Cumprindo essa base de que as jogadoras estejam bem, o crescimento será em todas as vertentes, desportivas e rentáveis ​​para a associação, visto que o público vai aderir e ver um espectáculo cada vez mais atraente. É uma soma de coisas que gradualmente vai se acomodando e depois fluirá como qualquer esporte profissional.”

DE VOLTA PARA O PRESENTE, O QUE FOI O TORNEO TRANSICIÓN 2020

Na temporada do futebol pandêmico no mundo, coube a AFA reunir as 17 equipes em um torneio relâmpago, para aferir os dois representantes do país na Copa Libertadores de América, ainda referente a 2020 e que será realizada na própria Argentina no próximo mês de março de 2021, tendo Boca e River como clubes anfitriões do país sede.

CAMPANHA DO BOCA JUNIORS

6 jogos, 6 vitórias, 26 gols marcados e 0 gol sofrido
⚽️Goleadora: Andrea Ojeda, 8 gols

1°) 28/11 – Boca Juniors 4 x 0 Excursionistas
2°) 9/12 – SAT 0 x 2 Boca Juniors
3°) 13/12 – Boca Juniors 2 x 0 Gimnasia y Esgrima
4°) 20/12 – Huracán 0 x 8 Boca Juniors
5°) 26/12 – Boca Juniors 8 x 0 Platense
6°) 10/1 – Boca Juniors 2 x 0 San Lorenzo de Almagro

CAMPANHA DO RIVER PLATE

River Plate – 5 jogos, 4 vitórias, 1 empate 21 gols marcados e 3 gols sofridos
Goleadora: a atacante uruguaya Carolina Birizamberri, 9 gols

1°) 20/11 – River Plate 6 x 0 Lanús
2°) 8/12 – Racing Club 1 x 3 River Plate
3°) 13/12 – River Plate 5 x 0 Villa San Carlos
4°) 27/12 – River Plate 5 x 0 Independiente
5°) 9/1 – UAI Urquiza 2 x 2 River Plate
Nos pênaltis 3 a 1 River Plate

*Em tempo, o Boca Juniors tem 1 jogo a mais, pois devido ao número impar de participantes na competição, ficou no grupo A com 5 equipes, enquanto os demais tinham apenas 4.

HISTÓRICO DOS CAMPEÕES

Boca Juniors 23 titulos
1992/1998/1999/2000/2001(A)/2002(C)/2003(A)/2004(C)/2004(A)/2005(C)/2005(A)/2006(C)/2006(A)/2007(C)/2008(A)/2008(C)/2009(A)/2010(A)/2011(C)/2011(A)/2012(A)/2013(C)/2013(A).

River Plate 11 títulos
1991/1993/1994/1995/1996/1997/2002 (A)/2003(C)/2009(C)/2010(C)/2016-2017

UAI Urquiza 5 títulos
2012(C)/2014/2016/2017-2018/2018/2019

San Lorenzo de Almagro 2 títulos
2008(A)/2015

*Detalhe importante, Boca e River fizeram a final do campeonato em 32 ocasiões.
** (A) Torneio Apertura (C) Torneio Clausura.

A GRANDE FINAL

Quando as duas equipes entrarem em campo na noite desta terça-feira 19 de janeiro de 2021, estarão ali também, muitos anos de história de protagonistas como Yanina Gaitan, que atuou e foi campeã com as duas camisas mais importantes do futebol argentino.

Estará ali também, a esperança de toda uma geração de jovens atletas que sonham com dias melhores para suas equipes e principalmente para suas carreiras, visto que a liga argentina está acenando com a profissionalização e a expectativa é essa.

Texto: Edson de Lima /A Vitrine Do Futebol Feminino

Fotos: Acervo Pessoal de Yanina Gaitan