No dia 16 de julho de 1950, o Uruguai surpreendia o Brasil na decisão da Copa do Mundo e silenciava mais de 173 mil vozes nas arquibancadas, eternizando na história o famoso “Maracanazo”.
Brasil, Uruguai, Espanha e Suécia chegaram ao quadrangular final. Todos se enfrentariam em partidas únicas e o líder do grupo seria campeão. Os brasileiros eram a sensação do torneio.
O time do técnico Flavio Costa estreou na fase decisiva goleando os suecos por 7 a 1 e, na rodada seguinte, bateu os espanhóis por 6 a 1 com direito à canção “Touradas de Madri” nas arquibancadas.
Já os uruguaios apenas empataram com a Espanha na primeira partida, por 2 a 2, e venceram a Suécia por um placar apertado: 3 a 2. Na ocasião, as vitórias rendiam dois pontos e os empates, um.
O Brasil liderava com quatro pontos, seguido do Uruguai com três. Um empate daria o título aos brasileiros, mas a confiança da torcida e da imprensa era tanta que a vitória parecia certa.
O recém-inaugurado estádio do Maracanã, considerado o maior do continente à época, seria palco da final da primeira Copa do Mundo disputada em solo brasileiro, com os donos da casa em campo.
O técnico Flavio Costa escalou Barbosa, Augusto, Juvenal, Bigode, Bauer, Danilo, Zizinho, Jair, Friaça, Ademir e Chico, todos vestidos com a então tradicional camisa branca, de detalhes azuis.
Já a seleção celeste, campeã mundial em 1930, era escalada por Fontana com os craques Máspoli, González, Rodríguez, Tejera, Gambetta, Pérez, Varela, Ghiggia, Schiaffino, Míguez e Morán.
Os jornais da época, os torcedores e até mesmo as autoridades brasileiras já davam declarações sobre o título e as festas programadas para depois da partida no Rio de Janeiro.
Isso serviu de motivação para os uruguaios, que tiveram uma reunião histórica no vestiário antes do jogo. Apesar de o técnico Fontana pedir uma retranca, o ídolo Varela liderou o time.
Reza a lenda que, após o treinador sugerir um esquema defensivo para o jogo, Varela fez um discurso emocionado, pediu para que partissem para cima e ignorassem o número de torcedores.
Foi o que fizeram. Apesar de sofrerem um gol aos 47 minutos, com Friaça indo para as redes, os uruguaios não desanimaram e se aproveitaram do clima de festa que dominava os brasileiros.
Schiaffino empatou aos 11 minutos da segunda etapa. O resultado ainda favorecia o Brasil e ninguém acreditava que o título escaparia. No entanto, a grande surpresa veio aos 34 minutos.
Ghiggia invadiu a área e bateu cruzado. O barulho ensurdecedor da festa brasileira foi trocado pelo completo silêncio assim que a bola sacudiu a rede. Mais de 173 mil pessoas atônitas, incrédulas.
O Uruguai conquistava o segundo título mundial, calando quem comemorava antecipadamente e protagonizando uma das derrotas mais marcantes de toda a história do futebol brasileiro.
O famoso “Maracanazo”, apelido dado pelos próprios uruguaios, deixou uma vítima: o goleiro Barbosa. Injustiçado, foi usado pela mídia, pelos cartolas e pelos torcedores como “bode expiatório”.
O futebol brasileiro preferiu colocar a culpa no goleiro a reconhecer os próprios erros. Barbosa passou o resto da vida marcado como culpado e morreu na tristeza por uma eterna injustiça.
Um desastre maior, porém, aconteceu anos depois. Em 2016, de novo sediando a Copa do Mundo, o Brasil foi eliminado pela Alemanha perdendo por inacreditáveis 7 a 1.