O sol do meio-dia esquentava ainda mais o 21 de junho no estádio Azteca, no México, e dava vida ao amarelo e ao azul que dominavam as arquibancadas. Clima perfeito para uma final de Copa do Mundo.
E mais perfeito ainda para a primeira transmissão a cores no Brasil, que se unia em torno da seleção em busca do terceiro título em 1970. A canarinho tinha um verdadeiro esquadrão.
Felix, Carlos Alberto Torres, Tostão, Rivellino e Pelé eram apenas alguns dos craques daquela equipe, que esbanjava técnica e dava um banho de preparo físico nos adversários.
Não foi diferente na final, contra a Itália. Os europeus vinham de uma semifinal tensa e interminável. Foram 120 minutos de jogo para eliminar a então Alemanha Ocidental por 4 a 3.
Os jogadores da Azzurra ainda sentiam o baque da vitória nos acréscimos, enquanto o Brasil vinha de uma vitória por 3 a 1 sobre o Uruguai, considerada uma vingança pelo Maracanazo.
O juiz deu o apito inicial e logo se viu uma marcação ferrenha sobre Amarildo, que anotou um gol por jogo no torneio. No entanto, esqueceram que Pelé ficaria livre para atuar.
A seleção brasileira não contava apenas com o “Furacão da Copa”, mas também com o pé esquerdo de Gerson, a “patada atômica” de Rivellino e a versatilidade de Clodoaldo.
Aos 18 minutos, Tostou cobrou o lateral para Rivellino, que cruzou para a área. A bola encontrou Pelé, que subiu mais alto que todos para cabecear no canto esquerdo, no fundo das redes.
Mesmo com o apoio em massa da torcida mexicana e a frente no placar, o Brasil demonstrava tensão em campo. Uma triangulação errada de Brito, Clodoaldo e Everaldo custou o empate.
Aos 37 minutos, Boninsegna interceptou o passe, driblou Piazza, deslocou Brito e Felix, mandando da meia lua para dentro do gol. O intervalo viria com a igualdade no placar e muita dúvida.
O preparo físico, porém, faria a diferença. O segundo tempo começou equilibrado, mas logo o Brasil foi se sobrepondo. Aos 21 minutos, Gérson marcou um golaço de fora da área.
Cinco minutos mais tarde, o mesmo Gérson fez um lançamento quilométrico para Pelé, que apenas escorou para Jairzinho. O “Furacão” precisou apenas empurrar para o fundo das redes.
Com um toque de bola rápido e fugindo da marcação de forma infalível, os brasileiros começaram a arrancar gritos de “olé” das arquibancadas. A festa estava quase pronta para o título.
Aos 41 minutos, uma obra prima. Tostão tocou para Piazza, que deixou com Clodoaldo, que mandou para Pelé, que soltou para Gérson, que voltou a Clodoaldo, que driblou quatro e deu a Rivellino, que lançou Jairizinho, que serviu Pelé.
O “Rei” do futebol, no auge, surpreendeu. Em vez de chutar ou passar para os companheiros mais próximos, achou Carlos Alberto Torres onde ninguém viu. Chute seco, forte e golaço.
E seria ele, o capitão, a levantar pela última vez a Taça Jules Rimet e dar ao Brasil o terceiro título em uma Copa do Mundo. Para muitos, a melhor seleção brasileira de todos os tempos.
Data: 21 de junho de 1970
Local: Estádio Azteca – Cidade do México (MEX)
Juiz: Rudolf Glöckner (ALE)
Público: 107.412 pessoas
Brasil: Félix, Carlos Alberto Torres, Brito, Piazza, Everaldo, Clodoaldo, Gérson, Rivellino, Jairzinho, Tostão e Pelé. Técnico: Zagallo.
Itália: Albertosi, Burgnich, Rosato, Cera, Facchetti, Bertini, De Sisti, Domenghini, Boninsegna, Mazzola e Riva. Técnico: Ferruccio Valcareggi.
Gols: Pelé (BRA), aos 18′, Boninsegna (ITA), aos 37´do 1º T; Gérson (BRA), aos 21´, Jairzinho (BRA), aos 24´, e Carlos Alberto Torres (BRA), aos 41´do 2º T.