No dia 30 de julho de 1976, Cruzeiro e River Plate (ARG) subiam a campo no Estádio Nacional de Santiago, no Chile, para disputar a terceira e decisiva partida da final da Copa Libertadores.
Naquela época, não havia critério de desempate por gols. O time mineiro havia vencido o primeiro jogo por 4 a 1 em Belo Horizonte. Já os argentinos ganharam por 2 a 1 em Buenos Aires.
A Conmebol, então, escolheu um estádio considerado “neutro” no Chile para a grande decisão. A única vantagem da equipe celeste era poder apenas empatar a partida para garantir a taça.
O River Plate era uma das bases da seleção argentina que seria campeã do mundo dois anos depois, tendo craques incontestáveis como Filiol, Perfumo, Sabella, González, Luque e Más.
Apesar de ambas as equipes estarem longe de casa, pouco mais de 40 mil pessoas foram ao Estádio Nacional acompanhar o jogo. O único a estar em casa mesmo era o árbitro chileno Alberto Martínez.
O jogo da taça teve alguns desfalques importantes. Do lado brasileiro, Jairzinho ficou de fora. Já do lado argentino, os ídolos Perfumo e Filiol não tiveram condições de ir a campo.
O Cruzeiro entrou com tudo, muito focado, trocando passes em velocidade e mantendo a posse de bola. O time do técnico Zezé Moreira conseguiu anular os argentinos e dominar o jogo.
Não a toa, o esquadrão celeste abriu o placar com Nelinho logo aos 24 minutos da primeira etapa. O time ainda perdeu várias chances, deixando o jogo mais equilibrado perto do intervalo.
No entanto, muitos deram o título como certo no início do segundo tempo. Aos 10 minutos, Ronaldo ampliou a vantagem cruzeirense e colocou um 2 a 0 no placar. A surpresa viria logo depois.
Os brasileiros recuaram um pouco e os argentinos partiram para cima. Apertando a marcação e com um futebol mais pegado, o River Plate foi partindo para cima na base da vontade.
E foi assim que conseguiu arrancar o empate. Más descontou aos 14 minutos e Urquiza igualou o marcador aos 19 minutos da segunda etapa. O empate, porém, ainda era do Cruzeiro.
Mesmo assim, havia um risco enorme de um gol de sorte dos argentinos e de a taça ir para os ares. Portanto, Joãozinho tratou de tranquilizar e fazer a festa da torcida celeste aos 43 minutos.
O Cruzeiro, assim, conquistava a primeira Copa Libertadores da história. E foi, também, o primeiro clube mineiro a chegar ao topo da América. Acabava, então, a hegemonia do Santos.
Naquela final, Zezé Moreira mandou a campo Raúl, Nelinho, Morais, Darcy Menezes, Vanderley, Ronaldo Drumond, Wilson Piazza, Zé Carlos, Eduardo, Palhinha e Joãozinho.
Já o técnico Angel Labruna escalou o River Plate com Landaburu, Comelles, Lonardi, Artico, Urquiza, Sabella, Merlo, Alonso, González, Luque e Oscar Mas.
A campanha do título cruzeirense foi de 11 vitórias em 13 jogos:
– Primeira fase:
07/03 – Cruzeiro 5×4 Internacional
14/03 – Sportivo Luqueño (PAR) 1×3 Cruzeiro
18/03 – Olímpia (PAR) 2×2 Cruzeiro
24/03 – Cruzeiro 4×1 Sportivo Luqueño (PAR)
28/03 – Internacional 0x2 Cruzeiro
04/04 – Cruzeiro 4×1 Olímpia (PAR)
– Semifinais:
09/05 – LDU (EQU) 1×3 Cruzeiro
12/05 – Alianza Lima (PER) 0x4 Cruzeiro
20/05 – Cruzeiro 7×1 Alianza Lima (PER)
30/05 – Cruzeiro 4×1 LDU (EQU)
– Final:
21/07 – Cruzeiro 4×1 River Plate (ARG)
28/07 – River Plate (ARG) 2×1 Cruzeiro
30/07 – Cruzeiro 3×2 River Plate (ARG)
O Cruzeiro ainda disputou naquele ano a Copa Intercontinental, depois reinventada como Mundial Interclubes. O time celeste perdeu a decisão para o Bayern de Munique (ALE) por 2 a 0.