Flamengo campeão brasileiro (1980)

No dia 1° de junho de 1980, mais de 150 mil torcedores se acotovelavam nas arquibancadas do Maracanã para ver o Flamengo vencer o Campeonato Brasileiro pela primeira vez.

O time rubro-negro era comandado por Cláudio Coutinho, técnico que trouxe do exterior novos métodos táticos e de treinamento ao futebol brasileiro. Além, claro, da disciplina militar.

O treinador tinha em mãos uma equipe dos sonhos, com Raul Plassmann no gol, Andrade e Carpegiani no meio, Júnior na esquerda, Nunes na frente e Zico como o maestro.

O torneio daquele ano foi longo, com três fases antes da semifinal, disputada em mata-mata. O Flamengo eliminou o Coritiba e pegou o Atlético-MG na final – que havia passado pelo Internacional.

O Galo, treinado por Procópio Cardoso, também não era qualquer time. O esquadrão mineiro tinha uma temida linha de frente com Toninho Cerezo, Palhinha, Pedrinho, Reinaldo e Éder.

No primeiro jogo, com um Mineirão completamente tomado, o Atlético-MG venceu por 1 a 0 com gol de Reinado. O regulamento, porém, não ajudava a equipe de Belo Horizonte.

Os mineiros jogavam pelo empate, mas qualquer derrota favorecia o time com melhor desempenho na semifinal: o Flamengo. Não com o melhor desempenho geral: o Atlético-MG.

Na segunda partida, os flamenguistas pareciam ter incorporado o espírito daquela massa em vermelho e preto. O Flamengo entrou avassalador e abriu o placar logo aos sete minutos com Nunes.

O Maracanã explodiu em festa e os rubro-negros não davam mostras de que parariam de cantar. O time, porém, achou que tudo estava garantido e levou um susto no minuto seguinte.

Reinado, o maior ídolo atleticano, aproveitou que o adversário estava anestesiado e não perdeu a oportunidade que teve. Aos oito minutos, mandou a bola para o fundo das redes e empatou.

O jogo continuou tenso, com jogadas ríspidas e um Flamengo que evitava deixar Reinaldo jogar. As chances de ataque eram mascadas, quase sem espaço para a finalização.

E foi assim, em um bate-rebate angustiante, que a bola sobrou nos pés de Zico aos 44 minutos da primeira etapa. Ele, com o oportunismo de sempre, fuzilou inapelavelmente para o gol.

O Flamengo foi para os vestiários como campeão, mas sabia que a segunda etapa não seria fácil. No entanto, os rubro-negros foram beneficiados por uma sina que perseguia Reinaldo.

Como já havia acontecido em outras decisões, ele sentiu uma distensão muscular nos primeiros minutos. Sem ter mais como ser substituído, ficou em campo no sacrifício.

A torcida gritava “bichado” a cada domínio de bola de Reinaldo, que perdia quase todas. O título rubro-negro parecia questão de tempo, mas o ídolo atleticano não se deu por vencido.

Com 21 minutos no cronômetro, uma triangulação perfeita entre Toninho Cerezo, Éder e Palhinha colocou o atacante na cara do gol. Reinaldo, claro, não deixou barato e empatou de novo.

O Flamengo, contudo, era um time muito regular. Os jogadores de Cláudio Coutinho tinham um ótimo preparo físico e não se deixavam abater emocionalmente. Era um time coeso.

Com tranquilidade e aproveitando a ânsia do Galo pela virada, eis que aos 37 minutos do segundo tempo o goleador flamenguista Nunes faz uma jogada incrível e desempata.

Explosão no Maracanã. Dali para frente o Flamengo só focou em segurar o jogo. A catimba e a festa da torcida irritaram os atleticanos. Uma embaixadinha de Tita foi o estopim.

Chicão deu uma entrada dura e foi expulso. Palhinha se meteu na confusão e também foi mandado para o chuveiro. O árbitro José Assis de Aragão virou o foco ao apito final.

Enquanto os atletas do Galo cercavam o juiz, o Flamengo comemorava o primeiro título brasileiro da história do clube com uma festa que poucos já haviam visto no Maracanã.

Naquele jogo, o Flamengo foi a campo com Raul, Toninho, Manguito, Marinho, Júnior, Andrade, Carpegiani, Zico, Tita, Nunes e Júlio César.

Já o Atlético-MG tinha no gramado João Leite, Orlando, Osmar, Luisinho, Jorge Valença, Chicão, Toninho Cerezo, Palhinha, Pedrinho, Reinaldo e Éder.