No dia 13 de agosto de 1978, o Guarani dos craques Zenon e Careca superava o Palmeiras e se tornava o primeiro clube do interior do país a conquistar o Campeonato Brasileiro.
O torneio parecia interminável, contando com 74 clubes e nada menos que três fases de grupos antes de as equipes chegarem às disputas de mata-mata com quartas de final, semifinal e final.
O time de Campinas era comandado pelo técnico Carlos Alberto Silva, uma aposta que havia despontado na Caldense-MG. Com pouco dinheiro em caixa, ele reforçou o elenco como podia.
Miranda, Mauro, Renato, Manguinha e Adriano eram gratas revelações das categorias de base. Careca era a grande promessa no ataque. Zenon e Neneca já eram ídolos da torcida bugrina.
Zé Carlos, experiente meia do Cruzeiro, foi um dos contratados. Capitão e Gomes também foram trazidos para dar experiência e maturidade. Com esse plantel, a equipe surpreendeu no torneio.
Naquele ano, parte do Campeonato Brasileiro foi disputada ao mesmo tempo em que ocorria a Copa do Mundo, na Argentina. O Guarani, então, aproveitou os desfalques dos grandes.
Muito forte fora de casa, o clube de Campinas chegou com moral às quartas de final para enfrentar o Sport. No jogo de ida, vitória por 2 a 0. Na volta, uma goleada por 4 a 0 em casa.
Na semifinal, o Guarani encarou o Vasco da Gama. Com milagres do goleiro Neneca e dois gols contra, o Bugre venceu os cariocas por 2 a 0 no primeiro jogo. No Maracanã, um heroico 2 a 1.
A final seria disputada em dois jogos contra o Palmeiras, que havia passado por Bahia e Internacional. O time alviverde tinha Leão, Marinho Peres, Pedrinho, Jorge Mendonça e Nei.
O primeiro jogo seria no Morumbi e, por ter a melhor campanha, o Guarani mandaria a segunda partida no Brinco de Ouro da Princesa. Isso depois de muita briga nas federações.
Entre os 104 mil torcedores no Morumbi naquele dia 10 de agosto, mais de 25 mil eram do Guarani. O primeiro tempo foi trágico, com Leão fechando o gol e Zenon tomando cartão amarelo – ficando fora do segundo jogo.
A malícia do jovem Careca fez a diferença no segundo tempo. O bugrino provocou o goleiro Leão que, sempre nervoso, partiu para a agressão e foi expulso pelo árbitro Arnaldo César Coelho.
Pênalti para o Guarani, Zenon na bola e gol. Com 1 a 0 no placar, o Guarani precisava de apenas um empate em casa para garantir o título. Foi quando, no dia 13 de agosto, 28 mil torcedores lotaram o Brinco de Ouro.
Sem Zenon, coube a Careca ser a grande estrela do jogo. Ainda no primeiro tempo, ele aproveitou um rebote do goleiro palmeirense Gilmar e balançou as redes. O suficiente para vencer a partida.
A equipe do técnico Carlos Alberto Silva foi a campo com Neneca, Mauro Cabeção, Gomes, Édson, Miranda, Zé Carlos, Manguinha, Renato, Capitão, Careca e Bozó.
Já o Palmeiras de Jorge Vieira foi escalado com Gilmar, Rosemiro, Beto Fuscão, Alfredo Mostarda, Pedrinho, Ivo, Toninho Vanuza, Jorge Mendonça, Sílvio, Escurinho e Nei.
Naquele torneio, Careca e Zenon foram os artilheiros do Bugre com 13 gols cada. A campanha do time de Campinas teve 20 vitórias, oito empates e apenas quatro derrotas. Foram 11 triunfos seguidos na reta final.