Luiz Moraes – Cabeção

No dia 23 de agosto de 1930, nascia no bairro do Belém, na Zona Leste de São Paulo, um dos maiores goleiros da história do Corinthians: Luiz Moraes, o eterno “Cabeção”.

Ficou marcado pelo ótimo reflexo e por uma elasticidade incrível. Compensava a baixa estatura com a agilidade. Foi o primeiro goleiro brasileiro a usar luvas, após uma excursão ao exterior.

O jogador chegou ao Parque São Jorge com apenas oito anos, integrando o time infantil. Despontou nas categorias de base ao lado de craques como Luizinho, o “Pequeno Polegar”.

Cabeção teve como espelho e grande conselheiro Bino, que dominou a meta corinthiana na década de 1940, e por Jurandyr, que naquela época ficou marcado como o “Rei dos Pênaltis”.

O jovem foi campeão de tudo que podia nas categorias amadoras. O título mais marcante foi o Campeonato Sul-Americano de Juniores, em 1949, disputado nos gramados do Chile.

Luiz Moraes foi reserva entre os profissionais durante a conquista do Torneio Rio-São Paulo de 1950 e assumiu a titularidade do Corinthians em 1951, na vaga do já veterano Bino.

O arqueiro caiu nas graças da torcida no Campeonato Paulista, quando o Timão conseguiu quebrar uma sequência de quase uma década de conquistas do São Paulo e do Palmeiras.

Na mesma época, começaram a vir as convocações para as seleções paulista e brasileira. Foi quando surgiu Gylmar dos Santos Neves, uma jovem revelação vinda de Santos.

Quando um estava na seleção, o outro assumia a titularidade. Assim, Cabeção foi reserva durante boa parte da campanha do título paulista de 1952. Porém, foi por um bom motivo.

Cabeção havia sido chamado para defender o Brasil durante o Campeonato Sul-Americano de 1952. Foi um dos campeões do primeiro título conquistado pela seleção no exterior.

De volta à meta do Corinthians, colocou no currículo a vitória da famosa Pequena Taça do Mundo, na Venezuela. Em 1953, brilhou na conquista do Torneio Rio-São Paulo.

No ano seguinte, intercalou com Gylmar a titularidade na histórica campanha do título paulista do “IV Centenário”. Seria a última taça do Corinthians antes do jejum, encerrado apenas em 1977.

Cabeção e Gylmar travaram uma longa e árdua batalha por uma vaga na Copa do Mundo de 1954. Luiz Moraes venceu a disputa e acabou sendo reserva de Castilho e Veludo na competição.

Após um desentendimento com a comissão técnica, passou rapidamente pelo Bangu e foi negociado com a Portuguesa. Chegou à então Ilha da Madeira em 1955.

A Lusa tinha um verdadeiro esquadrão com Djalma Santos, Ceci, Brandãozinho, Julinho Botelho, Edmur e Ipojucan. Era considerada uma das grandes forças do futebol brasileiro.

Cabeção então assumiu a titularidade absoluta, fazendo uma excelente campanha. Tornou-se ídolo da torcida durante a conquista do Torneio Rio-São Paulo daquele mesmo ano.

Ficou na Rubro-Verde até 1957, quando retornou ao Parque São Jorge. Antes de encerrar a carreira, ainda teve passagens por Comercial de Ribeirão Preto, Juventus e Portuguesa Santista.