Museu do Impedimento expõe história de mulheres proibidas de jogar bola

O Museu do Futebol recebe entre os dias 7 e 15 de março a instalação do projeto Museu do Impedimento, que conta a história dos anos de proibição do futebol feminino no Brasil, entre 1941 a 1979, e o desenvolvimento da modalidade nos anos seguintes. A iniciativa é uma versão física de uma iniciativa que começou na internet: no ano passado, o projeto lançou uma experiência digital colaborativa para estimular mulheres de todo o País a enviarem seus relatos e fotos da época em que eram proibidas por Lei de jogar bola. No Museu do Futebol, o público verá os vídeos e projeções baseadas na campanha.

As imagens coletadas a partir da mobilização na internet foram integradas ao acervo digital do Museu do Futebol e já tinham dado origem a exposições virtuais. Com uma versão física, o trabalho ganha nova dimensão e pode ser observado também pelos visitantes presenciais do Museu do Futebol.

“São histórias de mulheres comuns que brigaram pelo direito de praticar um esporte. Devemos à resistência delas o fato de que hoje o Brasil tem excelentes jogadoras no futebol feminino. Queremos mostrar ao público que poderíamos ter muito mais craques em atividade, se não fossem essas quatro décadas de perseguição”, diz a diretora técnica do Museu do Futebol, Daniela Alfonsi.

A instalação terá imagens de jogadoras, árbitras e torcedoras que se destacaram no Brasil até os anos 1980. Os destaques serão as coleções pessoais das jogadoras Michael Jackson (Marileia Santos), Rose do Rio, Suzane Carvalheiro e Márcia Honório. O visitante poderá, ainda, ver os depoimentos da própria Michael Jackson, da primeira árbitra profissional, Léa Campos; e da jogadora francesa Ghislaine Royer. O projeto também apresentará um pouco sobre as pioneiras do futebol em outros países, como França e Estados Unidos.

História

A prática de futebol foi proibida às mulheres pelo decreto-lei 3.199, de 14 de abril de 1941, assinado por Getúlio Vargas. O artigo 45 dizia o seguinte: “Às mulheres não se permitirá a prática de desportos incompatíveis com as condições de sua natureza, devendo, para este efeito, o Conselho Nacional de Desportos baixar as necessárias instruções às entidades desportivas do país”. Mesmo quando a norma foi revogada, em 1979, as mulheres continuaram enfrentando dificuldades para jogar, com regulamentos que previam tempos menores de partidas femininas e até campeonatos que colocavam “beleza” como critério de inscrição das atletas.