Bimbinha – Reginaldo Castro

* Colaborou Leandro Paulo Bernardo

Conheça a história de um dos maiores craques do Sampaio Correa. Se digitar Reginaldo Castro poucos vão lembrar, mas se citar Bimbinha todos vão vibrar com muito carinho.

Criado no bairro Tamancão

Bimbinha sempre ia acompanhar os irmãos Reinaldo e Egui nos jogos do Atlântico (clube amador). Um dia Egui não pode comparecer a um do Atlântico e o treinador para completar o time colocou um menino que estava de chuteiras e sempre acompanhava os irmãos. Bimbinha se destacou no jogo e passou a ser titular ao lado dos irmãos.

Mas a partida que mudou a vida dele foi contra o time dos Onze Irmãos (clube formado por presidiários). O diretor do presídio José Carlos Viana Mendes, que também era dirigente do MAC (Maranhão Atlético Clube) de imediato fez um boa proposta para levá-lo ao Bode Gregório.

Porém Djalma Campos, jogador do Sampaio Corrêa, também viu Bimbinha arrebentando numa pelada e fez de tudo para convencê-lo a ir jogar no tricolor de São Pantaleão. Bimbinha escolheu o Sampaio, pois tinha Djalma como um grande ídolo, e foi para os juniores.

Em 1977 estreou nos profissionais aos 21 anos. Com um metro e cinquenta e dois centímetros, cinquenta e um quilos e chuteira número 34. Bimbinha voava em campo e passou a ser o xodó da torcida boliviana.

No campeonato brasileiro daquele ano Bimbinha protagonizou um dos dribles mais marcantes do futebol. No jogo contra o Corinthians ele entrou no segundo tempo substituindo o atacante Xavier. Deu sufoco no adversário, até driblou dois jogadores e tocou a bola por baixo das pernas do lateral direito Zé Maria… Detalhe, ele tocou a bola e também passou por baixo do Super-Zé. Ao concluir o lance a torcida do Sampaio foi ao delírio. O jogo terminou sem gols e nascia ali mais um mito.

Fez parte do trio de ataque mágico ao lado de Fernando Misterioso e Cabecinha que faturou os títulos estaduais de 1978 e 1980.

Bimbinha sentia-se muito bem no Sampaio, apesar dos “contratos fiados” e da diretoria não o valorizar. Em 1983 foi emprestado para o Isabelense do Pará e o Sampaio Corrêa perdeu o estadual para o rival Moto Club. Após um forte clamor da torcida Bimbinha voltou e voou… marcou gols em finais e faturou um pentacampeonato entre 1984 e 1988.

 (lendas afirmam que Bimbinha, o segundo na fila do meio, estaria em pé nesse pôster)

Ao todo fez 250 gols pelo Sampaio e sonhava encerrar a carreira no Tubarão após a conquista estadual de 1988.

Em 1988 lançou sua candidatura para vereador, como iria disputar votos com o presidente do clube, Bimbinha foi “convencido” a desistir da campanha. Bimbinha chegou a declarar toda sua insatisfação ao longo dos anos no Sampaio para o Jornal Imparcial;

“Eu esperava pendurar as chuteiras no Sampaio. Depois, ser aproveitado, como treinador de escolinhas, coisas assim. Mas saí sem darem baixa na minha carteira de trabalho, sem receber o Fundo de Garantia por Tempo de Trabalho, dinheiro algum. Não tive a coragem de brigar com o clube. Se tivesse de recorrer contra os dirigentes, tudo bem, seria uma forma de protestar contra a decisão absurda, de me jogarem fora”.

“Esqueceram que o Bimbinha deu muitas alegrias aos tricolores e merecia mais respeito. Nunca fiz bons contratos. Não sei se, por coincidência, sempre que deveria renová-los o clube estava em crise. Eu acreditava nos dirigentes, assinava fiado, para receber amanhã, e o tal amanhã nunca chegava”.

Em 1989 surpreendeu toda a imprensa do Maranhão ao assinar com o Moto Club. Foi campeão maranhense, título que o rubro-negro não conquistava desde 84. Não se adaptou bem no Moto Club, ficou na reserva para Lamartine e teve vários atritos com alguns diretores que o julgavam como espião do tricolor. O clima foi ficando pesado demais e Bimbinha abandonou um treino do Moto e foi direto para a sala do presidente pedir sua rescisão.

Bimbinha jogaria ainda pelo Expressinho e pelo Tupan, até encerrar a carreira em 1992. Mas sua identificação com o Sampaio nunca se apagou, tanto que no vitorioso time de Masters da Bolívia Querida ele continua sendo ídolo e campeão.

* Leandro Paulo Bernardo – Cirurgião-Dentista, apaixonado por futebol, literatura e música desde os quatro anos, e com o coração dividido entre o Santa Cruz e a Portuguesa.